Divagações,  Salgados

A criança que eu fui…

A criança que eu fui
O sol batendo forte no rosto, nos obrigando a franzir os olhos… O calor era do interior do Rio de Janeiro. No quintal da casa onde nasci (literalmente, com parteira!) havia os coqueiros, vários, todos plantados por meu pai. Três irmãos, em escadinha, diferença de um ano.
A imagem em preto e branco indicando que já lá se vão algumas décadas. Na foto, meu joelho machucado, resultado de ter prendido a perna numa ponte quebrada, guarda até hoje uma discreta marca.
Brincava muito de pique-esconde, de passa anel, “pera, uva ou maçã”, de pular amarelinha, de peteca, pular corda, 5 Marias. Os primos eram dezenas, não faltavam companheiros para as brincadeiras.
Com papel de seda, cola e bambu, ajudava a fazer pipa para o meu irmão “soltar”.
Lembranças são muitas, das idas para a praia distante, na caminhonete lotada, a criançada na traseira feliz da vida. Das viagens de trem para Campos, coisa rara hoje em dia os trens de passageiros! Das viagens para o interior do Espírito Santo, que já tive a oportunidade de contar aqui, onde nem a distância, nem as dificuldades de acesso desanimavam nossa alegria infantil. Lá, podia subir nas árvores, mas um dia me dei mal. Escorregando de uma delas, não cheguei a cair, mas fiquei pendurada e tamanha foi a vergonha de ter ficado de cabeça para baixo, de vestido ou saia, já não me lembro! Acho que vem desse tempo meu gosto por viajar.

A criança que eu fui
Tímida, desde essa época, não gostava muito de fotografias. Nessa, meu irmão exibia uma bola, minha irmã uma gaiola e eu uma lata de azeite, sei lá o porquê! E eu me escondendo atrás dela…
Esse post preparei para o blog Pensando em Família, da Norma. Aproveitando esses dias em que estamos resgatando a nossa infância, através da coletiva, publico aqui também.
As marcas desse tempo, mais do que as físicas, como a do meu joelho, refletem em muito o que nos tornamos depois de adultos. Os valores que aprendemos em família nunca serão perdidos. Foi uma ótima etapa da minha vida, mas não sou saudosista demais. Acho que a vida é muito boa e cada fase deve ser valorizada.

Feijão nordestino

As lembranças são doces, mas é com um prato salgado que ilustro esse post, porque na vida é preciso um pouco de cada coisa e há lugar até para o amargo e o azedinho.
Sou filha de uma carioca com um pernambucano. É dessa mescla que trago o prato de hoje, o feijão à moda nordestina, feito com feijão “carioquinha”. Mas hoje não tem receita. Junte os legumes cozidos que lhe agradam ao feijão feito na panela de pressão e tempere. Nesse, usei abóbora, inhame, batata doce amarela e costela salgada. Com arroz e salada básica, não tem carinha bem familiar esse prato?


Crista-de-galo

Celosia argentea cristata
Foto: Frank Vincentz-wikipédia.

Quando era criança, havia essa planta em casa, a vermelha, que está por trás. Gostava de tirar as sementes dessa flor aveludada e espalhar no jardim.
A amarela é a Celosia argentea cristata, natural da Ásia.

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21 Comentários

  • maria da conceição samapio curio

    Sabe voce me fez reviver certas coisas da minha infancia, as brincadeiras as vezes na rua, as comidinhas que fazia em panelas de barro. As comidas que os mewus pais faziam, a maioria do nordeste nos encontro das familias. Até as fçores nos quintais., Saudades da rua São Francisco Xavier, na Vila Isabel

  • pensandoemfamilia

    Bom que tenha também postado e aqui ficou com o deu jeitinho.
    Bjs,

    Divulgando
    Amanhã uma amiga seguidora do meu blog fará seu relato sobre perdas. Vale a pena conferir.
    bjs,

  • ⓣⓔⓡⓔⓢⓐ ⓒⓡⓘⓢⓣⓘⓝⓐ

    Oiee Gina, desculpe a demora em responder pra ti, estava sem pc, mas adorei seu post e vc se escondendo atras de lata de azeite….infancia assim como toda e qqr fase é boa de ser vivida , depende de quem a sabe viver…adorei a dica do feijão, é verdade, colocam tanta coisa no feijão aki em Pernambuco, diferente de Sampa de onde vim aonde no muito se coloca um bacon pra dar um sabor diferente…..adorei as fotos, tbém não gosto de sair em fotos, mas gosto de bater e ver fotos.
    Bjss ♥

  • Gina

    Lulu, quem não provou esse feijão nordestino, não sabe o que está perdendo, não é?
    A foto da crista de galo não é minha, ok?

    Rô, ainda bem que a nossa foi muito boa.

    Ana, mas não vai se acostumando, viu? Da adolescência pra frente não vai ter…

    Beijos a todas!

  • Misturação - Ana Karla

    Gina, que história gostosa de ler.
    Gostei muito de ver a imagem das pequeninas Gina e Roséllia.

    Ah, e esse feijãozinho aí, é da casa. rsrsrs

    Xeros

  • orvalho do ceu

    Gina, fase boa que não volta mais…
    A infância é um tempo de crer no amanhã!!!
    Fique com Deus e tenha ótima Páscoa!!!
    Bjs desde já achocolatados…

  • Lulú

    Oi Gina
    Esqueci de dizer que raptei a foto da flor crista de galo.
    Era uma das que havia nos jardins da minha infância. Mais a vermelha.
    Obrigada, beijos
    Maria Luiza (Lulú)

  • Lulú

    Olá Gina.
    Há vários dias venho tentando fazer comentários , sem conseguir. Hoje baixei o google crome e tudo ficou mais fácil.
    Eu queria mesmo, agradecer por sua visita la no meu post sobre a infância, e vou continuar participando da BCFV.
    Adorei sua postagem principalmente está feijoada bem nordestina, igual a que fazemos no dia a dia, aqui em Pernambuco, mais no interior.
    Beijo
    Maria Luiza (Lulú)

  • Gina

    Ameixa, o pior (ou melhor?) é que ando fotografando tudo, menos gente.

    Soninha, já faz tanto tempo que não moro no nordeste, que esqueci a forma mais correta, mas posso garantir que ficou muito bom.

    Liliane, também adoro fotos antigas.

    Rute, essa coletiva rendeu muitas lembranças boas, ficou até gostoso coletar os dados mais interessantes. Aguarde!

    Léia, essas fotos são históricas (não espalha!)
    Quanto à timidez, alguns fatores mudaram um pouco meu modo de agir. Logo, você verá.

    Welse, seu blog é uma divagação diária, está acostumada, não? De vez em quando é bom divagar.

    Elaine, seja bem-vinda! Esse resgate permite uma identificação das pessoas, empatia, gera sentimentos bons.

    Andréa, será que a lata de azeite era um indício? Sei não, preferia que fosse um pacote de biscoitos, talvez um vidro de doce…rs! Aí, certamente, seria um sinal. Os salgados não não o meu forte.

    Beijos a todas!

  • Elaine

    Olá, gostei muito do seu blog, das histórias, me fez lembrar de minha infância, obrigada por partilhar emoções há tempos esquecidas.

    Elaine

  • Cucchiaio pieno

    Que foto linda! Vocês 3 são muito parecidos!
    Também brinquei muito de pique-esconde e de amarelinha! Na minha infância também era muito tímida, mas com a adolescência mudei completamente.
    Muito rico esse feijão, realmente tem cara de familia.
    Um abraço e uma Santa Páscoa para você e para a tua familia
    Léia

  • RUTE

    Querida Gina,
    que bom que vc trouxe o artigo do blog da Norma e deu vida nova a ele. Vale mesmo a pena ler e reler, como é o meu caso.
    Também tenho marca no joelho de ter caido, são as memorias tatuadas na pele 🙂
    Muito bom vc perpetuar a Infância no seu blog, por mais um bocadinho.
    Fico aguardando o "resumo" da 2ªjornada. Amei a 1ªcrónica da blogueira Gina!
    Beijo daqui para aí!
    Rute

  • LILIANE

    Gina …
    que barato.
    amei as fotos.
    acredita que eu vivia de joelho esfolado? rs
    até hoje.
    ah, não sabia que podia por verdura pra cozinhar no feijão.
    gostei.
    beijinho.

  • soninha.

    Oi linda!Maravilhoso o seu post mas nós nordestinos costumamos cozinhar as verduras dentro do feijão (rs)jamais separadamente.Coloque primeiro as mais duras depois de alguns minutos as mais tenras.Fica mais gostoso.bjinhos

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