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Coimbra e o leitão à Bairrada

O leitão à Bairrada é um prato típico, considerado uma das 7 maravilhas da gastronomia de Portugal

A preparação do prato consiste em assar em forno à lenha, por cerca de 2 horas, borrifando o leitão com vinho branco da Bairrada, para que a pele se torne estaladiça e não queime.
Cabe ressaltar que, antes de ir para o espeto, lhe enchem a barriga com uma “pasta” muito carregada de pimenta, o molho típico, servido em separado.
Fica bastante macio.


É servido com laranja, salada, molho do leitão, batata cozida ou frita e pão da Mealhada.
A Bairrada é uma região na Beira Litoral, distante cerca de 80 km de Coimbra, tendo a vitivinicultura como tradição e o famoso leitão, dois importantes quesitos na economia local.
Juntamente com a amiga e blogueira de gastronomia, a portuguesa Alcina, almoçamos o leitão à Bairrada no Restaurante Albatroz, um dos restaurantes que têm esse prato como carro-chefe.

Sobre o pão da Mealhada

Diz-se que o pão de Mealhada se fazia da forma a seguir. Peneirava-se a farinha num alguidar de barro, abria-se um buraco ao meio. Colocava-se o fermento e depois água previamente temperada com sal. Envolvia-se lentamente a farinha com a água, ao mesmo tempo que se desfazia o fermento. Depois de bem amassado, cobria-se com farinha e dizia-se:

S. Mamede te levede;
S. Vicente te acrescente;
Deus te ponha a virtude;
Que da minha parte fiz o que pude.

Cobria-se com um pano branco e com cobertores para que a massa levedasse entre 1 a 2 horas. Após esse tempo verificava-se se a massa estava pronta para ser tendida. Depois de bem pesado, pão a pão, era tendido e colocado num tabuleiro onde repousava até ir para o forno.
Com o forno na temperatura certa, arredavam-se as brasas, colocavam-se as bolas de massa numa pá de madeira, dava-se um corte no topo de cada uma em cruz com uma tesoura ou uma faca e colocava-se no forno.

Fontes: Rota da Bairrada e O Atónito.

O bolo de Ançã é oriundo de uma vila (Ançã) que fica entre Coimbra e Catanhede. É vendido em cestos (açafates) à beira da estrada.
Embora seja chamado de bolo, leva fermento de pão, tem formato e sabor de um pão levemente doce.
Esse bolo caseirinho, feito por um amigo da Alcina, pude saborear por alguns dias, fatiando e tostando. Devidamente provado e aprovado em família!

Circulamos, inicialmente de carro, pelas ruas de Coimbra, relembrando o fado imortalizado por Amália Rodrigues.

Coimbra 

(Raul Ferrão e José Galhardo)

Coimbra é uma lição
De sonho e tradição
O lente é uma canção
E a lua a faculdade
O livro é uma mulher
Só passa quem souber
E aprende-se a dizer saudade…


Percorremos a Rua Ferreira Borges, que é de pedestres ou pedonal, como chamam em Portugal. Área de comércio, basicamente movimentada por turistas.
Algumas construções interessantes, como esse prédio estreito e o casario reformado abaixo.

Prédio central em rosa e vermelho, visto da Rua Ferreira Borges

Seguindo até o final da Rua Ferreira Borges, avista-se o Museu Municipal de Coimbra.
Foto: Alcina


Chegamos ao Largo da Portagem.
Foto: Alcina


O Largo da Portagem é uma praça na área central de Coimbra, junto à Ponte Santa Clara, sobre o Rio Mondego.
A estátua é de Joaquim Antônio de Aguiar, um político que promulgou uma lei pela qual declarava extintos “todos os conventos, mosteiros, colégios, hospícios, e quaisquer outras casas das ordens religiosas regulares“. Essa lei valeu-lhe a alcunha de o Mata-Frades.
Fonte: Wikipédia.

Nossa caminhada seguiu por entre ladeiras, igrejas, lojas de louças, de doçaria conventual, até a Universidade de Coimbra, uma das mais antigas da Europa.
Em breve, continuo minha narrativa, mas ratifico aqui minha gratidão pela gentileza e disponibilidade da amiga para mostrar a sua cidade encantadora.

Bolota do carvalho-alvarinho (Quercus robur)

Essa é a bolota, a noz do carvalho-alvarinho (Quercus robur), muito usada na alimentação dos porcos da região.

Veja como foram os encontros internacionais de blogueiras em Portugal.

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8 Comentários

  • alcina

    Olá amiga que saudades.

    Pena ser tão pouco tempo o que passou cá em coimbra. pouco para o que tinhamos para conversar e pouco para o que tínhamos para provar e visitar 🙂 Mas foi muito bom poder mostrar um pouco da cidade e da gastronomia local.
    Gostei muito desta sua apresentação.
    Do leitão só tenho a acrescentar que antes de ir para o espeto, lhe enchem a barriga com uma “pasta” muito carregada de pimenta, o molho típico que depois servem a acompanhar a quem gosta.
    Tem que voltar mais vezes, para provar a chanfana, lampreia, arroz de pato…. tudo típico da região de Coimbra 🙂 AH!! e para tirar as suas fotografias 🙂 para a próxima conversamos menos e fotografamos mais 🙂 🙂 🙂

    Beijinhos e volte sempre

    • Gina

      Oi, Alcina!
      Sua cidade é realmente encantadora e, à medida que pesquiso sobre ela, mais descubro curiosidades.
      Gostei da ressalva sobre o molho do leitão. Vou acrescentar.
      Conversar era o objetivo maior e você foi uma ótima cicerone.
      Que bom que você gostou do meu texto. Fiquei tão empolgada, que já tenho outro pronto e mais alguns em andamento. Coimbra rende histórias…!
      Vontade não falta de voltar.
      Obrigada por tudo!
      Beijos.

  • Manuela Cruz

    Chamam de bolo por ser doce, esse bolo é tipico na região de Coimbra e faz parte das minhas memórias de infância. Andei à procura de receita durante muito tempo. Num destes dias vou experimentar fazê-lo em casa.

    • Gina

      Vi um vídeo de uma senhora preparando, fazendo a pestana. O melhor foi provar. Esse aí ganhei da Cininha! É uma receita simples, mas tradicional e, pra você, com memória afetiva.

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